Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

Apresentados

Sobre o voto, a mulher e a alfabetização

Se a minha avó fosse viva por estes dias, era certo tirar o seu melhor fato do roupeiro e colocá-lo ao ar, para que dele saísse o cheiro e a poeira de anos passados. Votar, para ela, era para lá de um direito. Era uma celebração. E à qual devia ir bem-vestida. A minha avó era analfabeta. Não escrevia mais do que o seu nome completo com uma bonita caligrafia de primeira classe. Sempre que precisava de assinar o seu nome, sacava do bilhete de identidade e copiava religiosamente as letras que tinha aprendido com a Professora Elsa no único mês que frequentou a escola em mais de oito décadas de existência. Confesso que bilhetes de identidade é coisa que sempre me fascinou. Junto com outros documentos, e escondido num envelope dentro da gaveta de um armário que cobria toda a parede da sala, a minha avó guardava o bilhete de identidade da sua mãe, minha bisavó, que falecera dois anos antes de eu nascer. Na linha da assinatura não havia qualquer nome, mas a marca de um carimbo onde se lia: “Nã

Mensagens mais recentes

Retornados de uma guerra sem rosto

Pandemia Organizada

As Máscaras de Veneza

Cartas de Amor de Verona

O Triângulo TO-MI-GE